No requerimento de recuperação judicial apresentado pela agência de viagens 123Milhas ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) nesta terça-feira (29), abrangendo uma dívida de R$ 2,3 bilhões, a empresa busca atribuir a culpa pelo “maior desafio financeiro que já enfrentou” aos seus clientes.
No documento, a empresa alega que a oferta “Promo“ não teve o desempenho esperado. Além disso, eles alegam que não tiveram o desempenho esperado devido à expectativa de que os clientes também adquirissem outros produtos da agência. Contudo, como os consumidores compraram apenas as passagens com desconto, excluindo outros serviços, a empresa se viu em uma posição insustentável.
De acordo com a agência, o déficit ocorreu porque a ideia era que “para cada bilhete vendido, o cliente também comprasse outros serviços relacionados à viagem”. A empresa citou “reservas de hospedagem, passeios, etc, mas essa estratégia não se concretizou na prática.”
Os advogados também argumentam que “os clientes do produto Promo123 são distintos dos demais da empresa. Nesse sentido, somente 5% dos clientes frequentes da 123Milhas efetivamente adquiriram os produtos do Programa Promo123. Com isso, representa um percentual muito abaixo do previsto, o que frustrou a esperada venda cruzada.”
A agência também menciona o aumento imprevisto e persistente nas tarifas aéreas. Ainda mais, eles afirmam que esperava que os preços caíssem após o lançamento do pacote, com a retomada das viagens pós-Covid-19. No entanto, os preços permaneceram elevados, inviabilizando a execução da promoção proposta.
A companhia também aponta a imprensa por divulgar reportagens “sensacionalistas” sobre sua situação econômica. “Isso efetivamente prejudicou a nossa reputação, levando ao rompimento de contratos e à enxurrada de ações judiciais de bloqueio movidas por entidades, o que pode ser fatal.”
A empresa confirma ter solicitado a recuperação judicial para “garantir o cumprimento de obrigações com clientes, ex-funcionários e fornecedores.” De acordo com a 123Milhas, esse processo possibilitará a rápida reestruturação financeira ao reunir os valores pendentes.
No pedido de recuperação judicial, que abrange as empresas Art Viagens (emissora de passagens por milhas) e Novum (holding das ações da 123Milhas), a empresa ressalta que a pressão dos credores gerou uma “crise de confiança, resultando em queda nas vendas e esgotamento do caixa.”
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