Educação Financeira

O dilema entre a Petrobras e os brasileiros

Não é de hoje que é discutido o dilema entre a Petrobras e os brasileiros.

Se por um lado, a Petrobras (Petr4/ Petr3), como empresa aberta, deve prestar esclarecimentos aos seus acionitas e buscar maximização de lucros. Por outro, como estatal, deveria servir como instrumento estratégico ou, pelo menos, auxiliar a população brasileira no quesito dos preços dos combustíveis nas bombas.

No entanto, dada a situação de hoje, a empresa serve mais como um encosto para agendas políticas do que uma empresa com os objetivos citados acima.

Entenda a dinâmica da empresa e o porquê do dilema entre a Petrobras e os brasileiros

Em primeiro lugar, o leitor deve entender que a Petrobras é uma empresa de economia mista. Ou seja, parte dela é do Governo e parte dela é aberta (negociada na bolsa de valores).

Partindo dos fundamentos de uma empresa com essas características, a Petrobras, deveria ter 2 objetivos principais: (1) Gerar lucro para os seus acionistas (como empresa aberta) e (2) ajudar os brasileiros no seu ramo de atuação (como empresa estatal).

Obviamente, não se agrada gregos e troinanos, no sentido de buscar um equilíbrio entre quanto a empresa deve lucrar e quanto a empresa deve abrir mão dos seus ganhos para amenizar os preços do combustível.

Entenda o conflito de interesses entre toda a gestão de preços da Petrobras

O discurso dado aos brasileiros sobre o porquê das altas dos preços dos combustíveis no Brasil se dá, principalmente, pela metodologia de reajuste de preços utilizado pela Petro e a paridade internacional dos combustíveis.

Se utilizarmos as palavras repassadas pela empresa, podemos obter o seguinte:

“Desde outubro de 2016, a Petrobras adota a política de Preços de Paridade de Importação (PPI), que vincula o preço dos derivados de petróleo nas refinarias ao comportamento do preço do produto em dólares no mercado internacional.  

O pareamento ao preço internacional torna o custo dos derivados de petróleo mais volátil, o que resulta em reajustes mais frequentes. Por isso, circulam notícias semanalmente informando sobre alteração no preço dos combustíveis. E isso ocorre tanto negativamente quanto positivamente para o consumidor, dependendo da cotação do dólar e do comportamento do mercado internacional.  

Atualmente, os consumidores estão sentindo fortemente o impacto no bolso, tendo em vista, que o câmbio está em alta e oscilando sempre a mais. Em 2021, a gasolina foi reajustada 15 vezes e o diesel 12 vezes. Segundo o IBGE, em 2021, até o mês de outubro, a gasolina e o diesel acumularam alta de quase 40%. 

A refinaria estatal defende a política pelos resultados positivos trazidos por ela para a empresa que conseguiu superar a crise que sofreu nos últimos anos. Quando desalinhada ao mercado Internacional, a política de preços provocou um aumento no endividamento da Petrobras e teve como consequência menor atuação da empresa no mercado de exploração de petróleo. “

Em outras palavras, a empresa diz que segue os níveis dos preços do petróleo e as variações do câmbio no Brasil. Dessa forma, a empresa utiliza da palavra “paridade” de preços internacionais para os seus ajustes cada vez mais frequentes nos preços de combustíveis.

No entanto, a paridade do preço internacional do petróleo é incompatível com a renda média do trabalhador brasileiro, o que gera um grande problema para sociedade.

O dilema entre a Petrobras e os brasileiros: Quais as possíveis soluções para a empresa e os brasileiros?

Em uma situação onde houvesse diversos produtores de petróleo no país, seria possível haver livre competição entre as empresas, de forma que cada uma poderia definir suas margens de lucro, preços de venda e qualidade dos produtos. O que não ocorre no Brasil.

Com isso em vista ,aproximandamente 80% do petróleo produzido pela Petro é distibuído no Brasil, o que pode ser chamado de monopólio.

Nesse sentido, com uma política de preços obscura para grande parte dos brasileiros e a partir de um monopólio nacional, a empresa realizou um novo ajuste ontem, de 5,18% na alta da gasolina e 14,26% na alta do diesel.

Sendo assim, nós, do Mercado Hoje, vemos 2 saídas sustentáveis para a empresa e os brasileiros no longo prazo:

A primeira opção seria abrir o mercado para competidores, tanto nacionais quanto internacionais.

Dessa forma, as complexas fórmulas de reajuste seriam batidas de frente pela livre competição entre outras empresas da indústria.

Afinal de contas, se temos praticamente uma saída de combustíveis no Brasil, não seria justo, pelo menos, termos transparência completa e livre competição entre um produto tão essencial para as nossas vidas?

A segunda forma seria integrar, de fato, a empresas como um braço do governo e dessa foma, abrir mão de lucros, reajustes recorrentes e paridade de preços para que a população tenha acesso à combustíveis de maneira menos custosa.

Possível Instalação da CPI contra a Petrobras

Após a mensagem no dia de ontem (17/06) sobre o reajuste de preços da gasolina e diesele, o presidente Jair Bolsonaro convocou uma CPI para averiguar os constantes reajustes de preços da empresa.

Confira abaixo a fala do presidente:

“Nossa ideia é propor uma CPI para investigar a Petrobras, seus diretores e os membros do Conselho. Queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles, porque não é possível se conceder um reajuste com o combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes”

No momento, membros do Congresso e outros paralamentares discutem a viabilidade de uma medidade deste porte e as consequências que isso poderia trazer para uma economia já fragilizada. Veremos cenas dos próximos capítulos!

Filipe Andrade

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