A recuperação judicial Ambipar (AMBP3) marca um dos episódios mais impactantes do mercado financeiro brasileiro em 2025.
A empresa anunciou na madrugada desta segunda-feira (21) que entrou oficialmente com pedido de recuperação judicial no Brasil e nos Estados Unidos, após a descoberta de irregularidades em operações financeiras.
O caso ganhou grande repercussão e acendeu um alerta sobre a governança corporativa de companhias de capital aberto no país.
A recuperação judicial Ambipar ocorre em meio a uma crise de confiança sem precedentes. A companhia revelou que enfrentava pressões crescentes de credores e risco de vencimento antecipado de cerca de R$ 10 bilhões em dívidas.
Ainda no final de setembro, a empresa já havia alertado a Justiça do Rio de Janeiro sobre a possibilidade de colapso financeiro caso as cobranças fossem mantidas.
Entretanto, com a identificação de indícios de irregularidades na diretoria financeira, o cenário se agravou rapidamente.
Segundo a empresa, as suspeitas envolvem operações de swap realizadas pela antiga equipe financeira e a renúncia repentina do ex-diretor João de Arruda.
Além disso, a companhia enfrentava cobranças de garantias adicionais do Deutsche Bank, o que aumentou o risco de gatilhos contratuais em derivativos. Por consequência, a decisão de recorrer à Justiça se tornou inevitável.
Logo após o anúncio da recuperação judicial Ambipar, as ações da empresa (AMBP3) despencaram na Bolsa de Valores.
Na abertura do pregão, a queda chegou a 14%, ampliando-se para mais de 20% ao longo do dia. O papel passou a valer menos de R$ 0,50, refletindo o temor dos investidores.
Sobretudo, o mercado reagiu à incerteza sobre a capacidade de recuperação do grupo e ao impacto das denúncias.
A Ambipar destacou que a descoberta das irregularidades abalou fortemente a credibilidade da companhia junto aos credores e investidores.
Segundo a nota divulgada pela empresa, o episódio “culminou em pedidos de antecipação de vencimento de dívidas e criou risco de vencimento cruzado de outras obrigações do grupo”.
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Fundada por Tércio Borlenghi Junior, a Ambipar é reconhecida como uma das maiores empresas da América Latina em gestão de resíduos e resposta a emergências ambientais.
A companhia cresceu de forma acelerada nos últimos anos, impulsionada por aproximadamente 70 aquisições estratégicas.
Atualmente, o grupo opera duas principais divisões:
Em 2023, 37% da receita líquida veio do Brasil e 48% da América do Norte, resultado da estratégia agressiva de expansão internacional.
A Ambipar abriu capital em 2020, com ações precificadas em cerca de R$ 25, e expandiu sua presença de 14 para 40 países após o IPO.
De acordo com a empresa, as irregularidades descobertas envolveriam operações de swap vinculadas à emissão de green bonds — títulos de dívida voltados ao financiamento de projetos sustentáveis.
A Ambipar afirmou ainda ter sido vítima de um ataque orquestrado por short sellers, que teriam se aproveitado das informações para especular contra as ações.
Para investigar o caso, a companhia contratou a FTI Consulting, uma das maiores consultorias especializadas em reestruturação e compliance corporativo do mundo. O objetivo é identificar os responsáveis e buscar reparação civil pelos danos sofridos.
Além disso, a Ambipar informou que há um inquérito criminal em andamento para apurar as condutas do ex-diretor financeiro e de seus eventuais cúmplices.
Nos Estados Unidos, a recuperação judicial Ambipar inclui a unidade Ambipar Emergency Response, responsável por grande parte das operações internacionais.
Essa divisão atua em serviços de emergência ambiental em larga escala, com contratos com governos e grandes corporações.
A proteção concedida pela Justiça norte-americana visa preservar os ativos da empresa no exterior e permitir que a reestruturação global seja conduzida de maneira coordenada.
O processo é semelhante ao Chapter 15, modelo usado para integrar procedimentos de recuperação entre diferentes países.
A Ambipar tem como principais controladores Tércio Borlenghi Junior (43,85%) e o fundo de investimento Everest (23,83%).
Ambos têm papel central nas negociações com credores e na tentativa de restabelecer a confiança do mercado.
De acordo com relatório do UBS BB, a situação é delicada porque a empresa opera em dois segmentos que dependem diretamente de reputação e confiança operacional.
A perda de credibilidade pode abrir espaço para concorrentes disputarem contratos e clientes estratégicos.
Portanto, a recuperação da imagem institucional será um desafio tão grande quanto o financeiro.
O caso da recuperação judicial Ambipar inevitavelmente lembra o episódio da Americanas, que em 2023 protagonizou um dos maiores escândalos corporativos do país.
Assim como a varejista, a Ambipar também alega ter sido prejudicada por atos irregulares de ex-executivos e busca reparação judicial.
Contudo, especialistas apontam que o impacto da Ambipar pode ser ainda mais significativo no setor ambiental, que vive um momento de forte demanda por soluções sustentáveis e pressão por transparência corporativa.
A empresa deve apresentar nas próximas semanas seu plano de reestruturação, que incluirá negociações com credores, ajustes operacionais e possível venda de ativos.
Além disso, a Ambipar precisará fortalecer seus controles internos e a governança para evitar novos episódios de má gestão.
O mercado aguarda a divulgação de detalhes sobre o andamento das investigações, bem como os relatórios da FTI Consulting e das autoridades brasileiras.
Especialistas destacam que o sucesso da recuperação judicial Ambipar dependerá da reconstrução da confiança com investidores e da capacidade de gerar caixa em suas operações internacionais.
A empresa alegou ter descoberto irregularidades financeiras graves na diretoria, o que causou a perda de confiança de credores e investidores.
O pedido inclui a Ambipar Emergency Response nos Estados Unidos e as principais subsidiárias no Brasil.
As ações caíram mais de 20% após o anúncio, refletindo a incerteza sobre a reestruturação e a investigação em curso.
Sim. Com um plano sólido e apoio dos credores, a empresa pode preservar suas operações e retomar o crescimento no médio prazo.
A consultoria é responsável por investigar as irregularidades financeiras e auxiliar na elaboração do plano de recuperação judicial.
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