Educação Financeira

Inadimplência de pequenas empresas aumenta com juros altos. Veja como evitar

Inadimplência de pequenas empresas tem sido um dos principais desafios enfrentados pelas pequenas empresas brasileiras em meio ao cenário de juros elevados.

Atualmente, com a Taxa Selic fixada em 15% ao ano, o país vive o maior nível desde 2006. Essa realidade tem impactado profundamente as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que, para manterem suas operações, recorrem cada vez mais a empréstimos e financiamentos.

No entanto, esse movimento tem gerado um efeito preocupante: a inadimplência das pequenas empresas atingiu, em maio, o maior patamar já registrado pelo Banco Central.

Crédito cresce, mas com ele a inadimplência de pequenas empresas

Em primeiro lugar, é importante entender que, segundo dados do Banco Central (BC), as MPMEs somaram R$ 1,179 bilhão em empréstimos somente em maio. Isso representa um aumento de 11,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O crédito tem sido usado principalmente como capital de giro, essencial para manter estoques, pagar fornecedores e cobrir despesas operacionais.

Porém, à medida que os juros sobem, o custo desses financiamentos também aumenta. Consequentemente, muitas empresas passam a ter dificuldade em honrar seus compromissos financeiros.

O resultado é o aumento da inadimplência, que saltou de 4,5% em janeiro para 5,1% em maio, atingindo o nível mais alto da série histórica do BC.

Estratégias para evitar a inadimplência de pequenas empresas

Diante desse cenário, é fundamental que os empresários adotem estratégias para evitar a inadimplência e manter a saúde financeira de seus negócios. A seguir, a consultora financeira Paloma Andrade dá algumas ações recomendadas por especialistas.

Se quiser mais dicas de organização financeira e como aplicar esse conhecimento no dia a dia, siga a especialista @paloma.financas no Instagram. 

1. Planejamento financeiro rigoroso

Antes de tudo, é essencial planejar receitas e despesas com precisão. Um bom controle de fluxo de caixa permite prever cenários e agir com antecedência. Com isso, é possível evitar surpresas e identificar rapidamente problemas financeiros.

2. Renegociação de dívidas

Sempre que possível, é importante renegociar dívidas com fornecedores e instituições financeiras. Melhorar prazos ou taxas de juros pode aliviar o caixa e permitir uma retomada sustentável da operação.

3. Avaliação criteriosa de financiamentos

Jamais se deve contratar crédito sem entender completamente os custos envolvidos. A taxa de juros, o IOF e outras tarifas devem ser somados para avaliar o real impacto do empréstimo no negócio. Em muitos casos, o crédito barato se torna um problema caro.

4. Criação de uma reserva de emergência

Sempre que possível, deve-se criar uma reserva de caixa para emergências. Ter um fundo de segurança pode ajudar a manter o negócio funcionando mesmo em períodos de baixa no faturamento ou elevação dos custos.

5. Consultoria financeira profissional

Por fim, contar com o apoio de um profissional de finanças pode ajudar a identificar erros, corrigir rumos e criar estratégias sob medida para o perfil da empresa. Muitas vezes, o custo de uma consultoria se paga com os resultados obtidos a curto prazo.

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Recuperação judicial se torna alternativa

Além disso, o número de empresas recorrendo à recuperação judicial também vem crescendo.

Só em abril, quase 90% dos pedidos de proteção judicial partiram de micro e pequenas empresas.

Essa medida, embora legalmente válida, mostra um cenário preocupante de fragilidade econômica no setor. A recuperação judicial, quando mal planejada, pode resultar em falência.

Por outro lado, especialistas apontam que o problema não se resume apenas aos juros. A inflação elevada reduz o poder de compra da população, o que impacta diretamente nas vendas.

Assim, muitas empresas, com faturamento menor, acabam recorrendo ao crédito como uma forma de manter o negócio funcionando. No entanto, isso pode virar um ciclo perigoso de endividamento.

Especialista aponta causas e consequências da inadimplência de pequenas empresas

De acordo com a especialista Paloma Andrade, a busca crescente por financiamento reflete a dificuldade de manter o caixa saudável num ambiente com juros elevados e consumo retraído.

Conforme explica Paloma, “as empresas estão buscando mais crédito para complementar o faturamento menor, pois as vendas estão sendo comprometidas pelos juros, que afetam o crescimento econômico. E isso leva as empresas a uma maior necessidade de capital de giro.”

Além disso, a especialista alerta que a entrada em vigor do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) torna a situação ainda mais complicada.

O imposto incide sobre empréstimos de capital de giro e antecipação de recebíveis, encarecendo ainda mais o crédito.

“Qualquer aumento de imposto num ambiente já extremamente tributado encarece o crédito e pesa na capacidade das empresas de pagar dívidas,” afirma Paloma Andrade.

Juros altos encarecem todas as linhas de crédito

Portanto, é necessário compreender que a elevação da Selic influencia todas as modalidades de crédito. Isso inclui não apenas capital de giro, mas também desconto de duplicatas, cheque especial empresarial, crédito rotativo e antecipações de recebíveis.

Ainda assim, mesmo com as taxas nas alturas, muitas pequenas empresas continuam utilizando o crédito como única alternativa de sobrevivência.

“Apesar do empréstimo estar mais caro, o crédito é a forma que o empreendedor de menor porte tem de manter a rotina financeira”, reforça Paloma.

Logo, há uma armadilha: quanto mais se busca crédito para cobrir lacunas de faturamento, maior é a exposição ao risco de inadimplência, especialmente se não houver uma gestão financeira eficiente.

Crescimento da busca por crédito

Segundo dados recentes, a demanda por crédito empresarial subiu 13% em fevereiro em relação ao mesmo mês de 2024. Esse crescimento foi puxado principalmente pelas MPMEs. Em abril, a alta anual foi de 6,3%.

Contudo, essa elevação na busca por empréstimos não se traduz em um cenário positivo. Pelo contrário, mostra que as empresas estão recorrendo ao crédito não para crescer, mas para sobreviver.

Atualmente, mais de 90% das empresas brasileiras são micro, pequenas ou médias. Isso mostra que a inadimplência de pequenas empresas pode ter um impacto macroeconômico relevante.

Inadimplência de pequenas empresas: como monitorar e reagir

Por fim, é necessário monitorar constantemente os indicadores de inadimplência de pequenas empresas.

Isso permite agir antes que os problemas se agravem. Empresas que deixam de acompanhar de perto sua saúde financeira geralmente tomam decisões tardias.

Além disso, os empresários devem buscar informações atualizadas sobre crédito, taxas de juros e condições de mercado.

Plataformas como o Sebrae, bancos de desenvolvimento e consultorias privadas oferecem conteúdos e ferramentas úteis.

Por outro lado, não basta apenas buscar informação: é preciso agir com base em dados reais. Um controle financeiro por planilhas ou softwares de gestão pode fazer toda a diferença na hora de entender onde o dinheiro está sendo mal alocado.

Portanto, para combater a inadimplência de pequenas empresas, é necessário planejamento, informação, disciplina e, quando necessário, apoio profissional.

Em um cenário de juros altos, somente os negócios que souberem equilibrar receita, despesa e crédito conseguirão atravessar a crise com segurança.

Perguntas frequentes

Quais os principais fatores que levam à inadimplência de pequenas empresas?

Principalmente os juros altos, queda nas vendas e falta de planejamento financeiro.

A alta do IOF impacta diretamente os pequenos negócios?

Sim, o imposto aumenta o custo do crédito, dificultando o pagamento das dívidas.

É possível evitar a inadimplência mesmo com juros altos?

Sim, com planejamento financeiro rigoroso, renegociação de dívidas e controle de caixa.

Vale a pena recorrer à recuperação judicial?

Somente em último caso. O ideal é tentar outras alternativas antes dessa medida extrema.

Como a inadimplência de pequenas empresas afeta a economia?

Afeta o crescimento do país, reduz investimentos e pode aumentar o desemprego.

Filipe Andrade

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