As tentativas de golpe financeiro têm se tornado um dos maiores desafios da segurança pública no Brasil.
A cada hora, mais de 4.600 pessoas são vítimas de ações fraudulentas que ocorrem, principalmente, por meio de aplicativos de mensagem e ligações telefônicas.
Os criminosos, em sua maioria, se passam por funcionários de bancos ou centrais de atendimento, criando situações enganosas para roubar dados e dinheiro das vítimas.
Segundo levantamento do Datafolha em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o problema é ainda maior do que indicam os números oficiais.
As tentativas de golpe financeiro geram danos bilionários e impactam profundamente a vida de milhões de brasileiros, especialmente os mais vulneráveis.
A cada 60 minutos, mais de 4.600 tentativas de golpe financeiro acontecem no Brasil. Nesse mesmo intervalo, 2.500 pessoas compram produtos que não são entregues, enquanto 1.680 pessoas têm o celular furtado ou roubado.
Além disso, 482 casos por hora envolvem o chamado golpe da maquininha adulterada, em que os criminosos manipulam terminais de pagamento para roubar dados ou valores das vítimas.
Embora menos recorrente, esse golpe gera um prejuízo médio de R$ 1.142 por pessoa, afetando milhões de brasileiros ao longo do ano.
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Esses dados revelam um cenário alarmante. O levantamento foi feito com 2.508 entrevistados em todas as regiões do país e os números foram projetados para a população total, o que reforça a dimensão do problema.
Por mais que os números impressionem, eles ainda podem estar subestimados. Isso acontece porque muitos crimes não são registrados oficialmente.
Apenas 30% das vítimas de golpes com Pix ou boletos falsos procuraram uma delegacia para registrar a ocorrência. No caso de roubos e furtos de celular, 55% registraram boletim de ocorrência.
Essa subnotificação contribui para um retrato distorcido da realidade. Muitos cidadãos, por medo, vergonha ou descrença nas instituições, deixam de denunciar. Isso enfraquece o combate aos crimes e favorece a impunidade dos golpistas.
Segundo Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a situação é gravíssima:
“Um quarto da população com 16 anos ou mais convive com esse fenômeno. Vivemos em um ambiente digital perigoso, onde qualquer ligação pode ser uma tentativa de enganar e extorquir.”
Somente os golpes envolvendo Pix e boletos falsos causaram R$ 25,5 bilhões de prejuízo à população em 12 meses.
Esses valores consideram não apenas o dinheiro diretamente roubado, mas também custos adicionais, como substituição de aparelhos ou bloqueios de contas.
Além disso, os roubos e furtos de celular representaram um prejuízo estimado de R$ 22,8 bilhões entre julho de 2023 e junho de 2024.
Considerando todos os 13 tipos de crimes mapeados pelo Datafolha, o dano total chega a R$ 186 bilhões.
Esse número impressionante inclui tanto os lucros dos criminosos quanto os custos sociais e individuais suportados pelas vítimas.
Portanto, o impacto econômico das tentativas de golpe financeiro é devastador. Ele não apenas afeta o bolso da população, mas também compromete a confiança nas relações digitais e nas instituições.
O perfil das vítimas varia conforme o tipo de crime. As tentativas de golpe financeiro por aplicativos ou ligações são mais comuns entre pessoas com ensino superior, que moram em grandes cidades (acima de 500 mil habitantes) e ganham entre 5 e 10 salários mínimos.
Por outro lado, os mais pobres sofrem impactos desproporcionais. Quem tem renda de até dois salários mínimos representa 45% das vítimas dos crimes patrimoniais listados na pesquisa. Entre esses, um em cada cinco já sofreu tentativa de golpe por meio digital.
O dado mais alarmante é a desigualdade dos efeitos. Embora os mais ricos sejam mais visados em ataques sofisticados, os prejuízos têm peso maior para os mais pobres, que muitas vezes perdem toda a renda do mês ou precisam abrir mão de itens essenciais para lidar com os danos causados pelo crime.
Entre os 13 crimes monitorados, o golpe da maquininha de cartão adulterada chama atenção. Mesmo sendo relatado por apenas 2,6% dos entrevistados, representa um universo de 4,2 milhões de vítimas.
Esse crime é ainda mais silencioso e traiçoeiro, pois normalmente acontece em ambientes de aparente confiança, como restaurantes, feiras ou até mesmo entregadores falsos.
A média de perda, como mencionado, é superior a R$ 1.100 por vítima. Esse tipo de golpe revela como a criminalidade se adapta ao comportamento da sociedade, explorando hábitos de consumo e ferramentas populares, como o pagamento por aproximação.
O impacto das tentativas de golpe financeiro não se limita ao prejuízo material. Há também uma sensação de invasão e insegurança constante, como afirma Lima:
“O celular virou um espaço privilegiado da vida. Quando ele é invadido, roubado ou usado para aplicar golpes, as pessoas se sentem profundamente violadas.”
Hoje, quase todo cidadão já recebeu alguma ligação suspeita, seja de “banco”, “cartão de crédito” ou “central de segurança”.
Essa frequência fez com que o fenômeno se tornasse banal, mas os efeitos continuam graves e persistentes.
A banalização não pode ser confundida com normalidade. Naturalizar esse ambiente de desconfiança é perigoso.
É necessário promover educação digital, fortalecer as investigações e punições, e exigir mais comprometimento das plataformas tecnológicas e instituições financeiras.
Para evitar cair em golpes, é essencial adotar boas práticas de segurança digital. Veja algumas dicas fundamentais:
Além disso, é importante registrar boletim de ocorrência sempre que for vítima, mesmo que o valor do golpe pareça pequeno. Isso ajuda na criação de estatísticas mais precisas e fortalece o combate ao crime.
As tentativas de golpe financeiro no Brasil são uma epidemia silenciosa. A cada hora, milhares de brasileiros enfrentam riscos que comprometem sua segurança, dignidade e estabilidade financeira.
Apesar da frequência assustadora, ainda há baixa notificação e pouca mobilização efetiva contra o problema.
Por isso, a conscientização e a prevenção são fundamentais. A sociedade precisa exigir políticas públicas eficientes, ações coordenadas de bancos, operadoras de telefonia e plataformas digitais, além de campanhas educativas permanentes.
No cenário atual, ninguém está imune. Seja em bairros nobres ou periferias, com maior ou menor renda, todos podem ser alvos. No entanto, a informação é uma poderosa aliada.
Portanto, conhecer os riscos, entender as estratégias dos criminosos e adotar hábitos seguros no dia a dia são medidas urgentes.
Dessa forma, será possível reduzir os danos e, sobretudo, recuperar a confiança no ambiente digital brasileiro.
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