Mercado
Teka, empresa de cama, mesa e banho, surpreende e entra em RJ
A Teka, tradicional empresa brasileira do setor de cama, mesa e banho, causou surpresa ao mercado ao ter sua recuperação judicial ameaçada de conversão em falência com atividade continuada.
O pedido partiu do administrador judicial da companhia, o escritório Leiria & Cascaes, que alegou impossibilidade de cumprimento das obrigações previstas no plano de recuperação homologado anteriormente.
Desde 2012, a Teka vive sob o regime de recuperação judicial, buscando renegociar suas dívidas com credores.
Contudo, passados mais de dez anos, a companhia ainda acumula dívidas bilionárias, que incluem passivos trabalhistas, tributários e compromissos com fornecedores.
Recuperação judicial da Teka se complica com pedido de falência
Antes de tudo, é fundamental compreender o que significa o novo passo dado pela administração judicial da Teka.
Recuperação judicial é um instrumento legal que permite às empresas em dificuldades financeiras renegociar suas dívidas, mantendo-se ativas no mercado e preservando empregos.
Já a falência com atividade continuada, modalidade solicitada no caso da Teka, representa uma situação mais delicada.
Nesse cenário, a Justiça pode decretar a falência da empresa, mas autorizar que ela continue operando, com as receitas sendo direcionadas prioritariamente ao pagamento de credores.
Essa alternativa é menos drástica do que a falência tradicional, onde as atividades são encerradas e os bens liquidados de forma imediata.
Contudo, o pedido apresentado pela Leiria & Cascaes ainda não foi apreciado pela Justiça. As partes envolvidas não foram intimadas a prestar esclarecimentos.
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Enquanto isso, a empresa segue operando normalmente, mesmo diante da incerteza quanto ao seu futuro jurídico e financeiro.
Teka destaca função social e quer continuar operando
Em nota pública, a Teka reforçou que o objetivo do pedido de falência com atividade continuada é manter a empresa funcionando.
“O pedido realizado pela administração judicial consiste justamente na manutenção da empresa em funcionamento, com a racionalização dos pagamentos aos credores e a permanência da Teka no mercado”, diz o comunicado.
Além disso, o texto ressalta o impacto social da empresa nas cidades de Blumenau (SC) e Artur Nogueira (SP), onde estão localizadas suas unidades fabris.
A Teka emprega diretamente cerca de 2.000 pessoas, sendo uma das maiores empregadoras do setor têxtil nessas regiões.
Assim, preservar os empregos e continuar gerando renda e produtos é parte fundamental do argumento da empresa para resistir ao fechamento completo de suas operações.
Segundo a nota, a atividade da Teka representa “uma função social relevante para as comunidades em que atua”.
Receita da Teka teve queda, mas mostra recuperação no acumulado
De acordo com o relatório mais recente, a Teka teve, em novembro de 2024, uma receita bruta de R$ 41,8 milhões.
O número representa uma queda de 12,5% em relação ao mês anterior, mas é o segundo maior valor mensal registrado desde o início da recuperação judicial.
No acumulado do ano, de janeiro a novembro, a receita bruta atingiu R$ 404 milhões, superando em 4% o desempenho do mesmo período em 2023.
Apesar da instabilidade, o relatório demonstra que a Teka segue relevante no mercado, com capacidade de geração de receita e contratação.
Inclusive, no mesmo mês, foram contratados 45 novos funcionários, mostrando que a empresa ainda aposta na ampliação de sua força de trabalho, mesmo com as dificuldades.
Entretanto, houve uma queda de 17,1% no faturamento operacional, atribuída à redução de dias úteis de trabalho, causada pelas férias coletivas.
Ainda assim, a empresa superou em 15,8% o que havia sido projetado inicialmente, o que reforça a tese de que a Teka tem potencial de recuperação se houver suporte e gestão adequada.
Débitos com o Estado e negociações com a Procuradoria
Em outro ponto relevante, a Teka anunciou que firmou um acordo de transação com a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, relacionado a dívidas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que estavam inscritas em dívida ativa.
Esse acordo deve influenciar positivamente os resultados financeiros da empresa, ao permitir uma melhor gestão dos débitos tributários.
Adicionalmente, esse movimento mostra que a Teka está ativa em tentar regularizar sua situação fiscal, o que pode ser considerado um indicativo de boa-fé e disposição para superar a crise.
Portanto, embora esteja em dificuldades, a empresa demonstra iniciativas voltadas à reestruturação fiscal e operacional, o que levanta questionamentos sobre a necessidade imediata de decretar falência.
Acionistas tentam barrar a falência da Teka
De acordo com o Painel S.A., existe uma movimentação entre os acionistas para evitar a falência da Teka.
O fundo de investimentos Alumni, que detém 24% do capital da companhia, é uma das vozes mais ativas nessa tentativa.
Segundo informações, os acionistas pretendem convencer a Justiça a rejeitar o pedido de falência, argumentando que a empresa ainda tem condições de se recuperar caso receba apoio e tempo para implementar novas estratégias de reestruturação.
Com isso, cria-se um conflito de interesses entre o administrador judicial, que propõe a falência com atividade continuada, e os acionistas, que acreditam na viabilidade de manter a recuperação judicial vigente, com eventuais ajustes no plano.
Além disso, há quem defenda que decretar a falência pode desestimular a confiança do mercado e dos fornecedores, prejudicando ainda mais a imagem e as operações da Teka.
Teka: uma história de tradição e resistência no setor têxtil
Fundada há mais de um século, a Teka é uma das empresas mais antigas do setor têxtil brasileiro.
Com sede em Blumenau, em Santa Catarina, a marca ficou conhecida pela qualidade de seus produtos de cama, mesa e banho, sendo presença constante em lares de todo o país.
Durante décadas, a empresa liderou o mercado com inovações em tecidos, padrões e tecnologias têxteis.
Porém, nos últimos anos, enfrentou diversos desafios, como a concorrência com produtos importados, aumento de custos operacionais e crises econômicas nacionais.
Mesmo assim, a Teka seguiu operando, investindo em modernização e tentando manter sua relevância no setor.
A entrada em recuperação judicial em 2012 foi um marco importante, indicando que a companhia precisava se reinventar para sobreviver.
Com o novo pedido de falência com atividade continuada, a empresa entra em um momento decisivo.
O futuro da Teka dependerá, agora, da avaliação judicial e da capacidade dos gestores e acionistas em encontrarem um caminho comum para manter viva a história da marca.
Futuro da Teka ainda é incerto, mas há caminhos possíveis
Por fim, o cenário que se desenha para a Teka é de incerteza, mas não de derrota. A possibilidade de uma falência com atividade continuada pode representar uma nova fase de transição, onde a empresa possa continuar gerando empregos e receita, mesmo que sob um regime jurídico diferente.
Se a Justiça aprovar o pedido, os bens da empresa poderão ser usados para pagar os credores, mas a operação diária seguirá ativa, o que pode ser positivo para os funcionários e para o mercado como um todo.
Caso contrário, se os acionistas forem bem-sucedidos em barrar a falência, a Teka terá mais uma chance de reestruturar suas finanças e manter a recuperação judicial vigente, com possíveis ajustes no plano original.
Portanto, o que se espera nos próximos meses é uma decisão judicial que considere tanto os interesses financeiros quanto o impacto social da Teka nas regiões onde atua.
Com quase dois mil empregados e uma marca forte no setor têxtil, a empresa ainda possui potencial de recuperação e relevância no mercado nacional.
Diante de tudo isso, acompanhar os desdobramentos da situação da Teka será essencial para entender os rumos do setor têxtil e as possibilidades de recuperação de empresas tradicionais brasileiras.
Perguntas frequentes
- O que é o pedido feito pelo administrador judicial da Teka?
Primeiramente, trata-se de um pedido para que a recuperação judicial da empresa seja convertida em falência com atividade continuada, permitindo que a Teka continue operando enquanto seu patrimônio é liquidado para pagar credores. - Por que a Teka entrou em recuperação judicial?
Basicamente, a empresa enfrenta dívidas bilionárias desde 2012, incluindo passivos trabalhistas, tributários e com fornecedores, e buscou a recuperação judicial para renegociar esses débitos e tentar se manter no mercado. - A Teka ainda está contratando funcionários?
Sim, apesar das dificuldades, em novembro de 2024 a empresa contratou 45 novos empregados, demonstrando que ainda investe em sua força de trabalho. - Qual é a posição dos acionistas em relação à falência?
Os acionistas, especialmente o fundo Alumni que controla 24% da companhia, tentam impedir a falência e defendem que a empresa tem condições de continuar se recuperando se mantida sob recuperação judicial. - Como a Teka justifica a importância de continuar operando?
Segundo a empresa, além de manter empregos diretos para quase 2.000 pessoas, a Teka exerce uma função social relevante para as comunidades onde atua, especialmente em Blumenau e Artur Nogueira, e quer preservar essa contribuição social e econômica.