Não é segredo afirmar o quanto a doação de sangue pode salvar vidas, porém a prática, infelizmente, ainda é pouco difundida entre os mineiros. Nesse sentido, segundo dados da Assessoria de Captação de Cadastro da Fundação Hemominas, apenas 1,8% dos mineiros são doadores de sangue regulares. Entretanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que esse índice seja de, pelo menos, 3% da população. O baixo comparecimento de pessoas dispostas a este precioso ato, impacta diretamente nos estoques dos hemocentros. Com isso o tratamento de pacientes em situações críticas, acaba sendo comprometido.
Para o hematologista Wilson Valente, do Cetus Oncologia, o incentivo à doação de sangue deveria ser algo corriqueiro, não apenas no mês atual. Esse mês é marcado pela campanha Junho Vermelho, que conscientiza sobre o hábito. “A iniciativa, obviamente, é fundamental, porém precisamos das doações contínuas para tratarmos diversos perfis de pacientes que necessitam de componentes sanguíneos, entre eles os onco-hematológicos, que fazem quimioterapia com frequência, aqueles internados nas urgências/emergências de Prontos Socorros ou os que vão se submeter a procedimentos cirúrgicos com perda sanguínea, entre outros casos”.
Ainda segundo o especialista, que faz parte da equipe médica da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte e região metropolitana, a partir de uma única doação, é possível separar diversos hemocomponentes, entre eles o concentrado de hemácias, as plaquetas, plasma e crioprecipitado, que serão capazes de atender e salvar a vida de até quatro pacientes. “A quantidade de sangue retirada em uma doação – em geral 450ml – não resultará em prejuízos para o doador. O próprio organismo vai, novamente, produzir o sangue doado”, esclarece Valente.
O médico também pontua que qualquer pessoa, independentemente do grupo sanguíneo, pode doar, justamente porque os bancos de sangue necessitam de todos os tipos de sangue para atender a população.
A Fundação Hemominas, principal hemocentro de Minas Gerais, adota critérios básicos para avaliar quem se encontra ou não apto a doar sangue. As condicionantes são estabelecidas pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgãos responsáveis pela legislação nacional de hemoterapia.
Entre eles é preciso estar em boas condições de saúde; ter entre 16 e 69 anos – jovens de 16 e 17 anos podem doar, acompanhados pelo responsável legal ou portando autorização, e a partir de 61 anos, o candidato à doação precisa comprovar a realização de pelo menos uma doação anterior -; pesar mais de 50kg; estar bem descansado no momento da doação; estar alimentado – após almoço, jantar ou refeições mais gordurosas, deve-se aguardar três horas para efetuar a doação -; não ingerir bebida alcoólica 12 horas antes do procedimento; não ter sido exposto à situação de risco para doenças transmissíveis pelo sangue e não ter tido hepatite após os 11 anos.
Os homens podem realizar até quatro doações em um período de 12 meses, com intervalo de 60 dias entre cada uma. Já as mulheres podem realizar até três no período de um ano, com intervalo de 90 dias.
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